sexta-feira, 15 de junho de 2007

X - A INFÂNCIA TAMBÉM PASSA POR NÓS

A minha irmã era para a época o meu "Ayrton Senna", e como foi emancipada para poder ir a Lisboa tirar a carta de condução, quando regressou, era já uma mulher de plenos direitos civicos e pessoais. Ao mesmo tempo eu não perdia pitada nenhuma das suas capacidades de condutora. Assim nas inumeras viagens ao Porto, observava todos os pormenores do engate de mudanças, da necessidade de colocar o pé na embraiagem para engrenar a mudança, de não poder acelarar e travar ao mesmo tempo, ou acelarar e colocar a mudança na caixa de marchas, etc, enfim umas autenticas aulas de preparação para um exame de condução virtual.
Quando me senti capacitado para passar do virtual ao real, decidi provar a mim mesmo e à rapaziada amiga que já conseguia conduzir um automovel. E a viagem inaugural não tardou muito a ser realizada. A viatura nessa época na nossa casa era um Citroen Ami - 8, de mudanças em manete, colocadas na consola dinteira ao lado direito do volante, e então um dia preparei tudo. Escolhi criteriosamente o dia em que não estava prevista a saida de ninguém lá de casa na viatura, e a casa estava mais calma, tirei a chave da gaveta, peguei no carro que estava estacionado na garagem, virado como sempre, de frente para a rua, e lá fui à escola buscar a rapaziada. O pessoal tinha ficado religiosamente concentrado no portão da escola.
Foi uma festa!
Mas eu tive que fazer uma ginástica daquelas, para conseguir conduzir, pois devido à minha estatura era muito dificil conseguir chegar com os pés aos pedais e ao mesmo tempo ter visibilidade, para conseguir ir conduzindo e colocando as marchas, mas lá consegui, com maior ou menor dificuldade ir de casa até à escola e trazer o pessoal todo de volta até ao largo fronteiro à igreja matriz de Cinfães do Douro, onde se apearm todos os passgeiros que participaram nesta minha grande façanha.
Na ida as dificuldades ainda foram muitas pois não acertava com o ritmo certo dos pés no acelardor, no travão e na embraiagem, e tinha que ir bem devagar em primeira velocidade, segunda no máximo. Mas no regresso, foi o delirio, conduzia que nem um ás do volante, sentia-me o dono do mundo, e o pessoal aplaudia as minhas façanhas automobilisticas, o unico senão foi ter passado defronte à loja que o meu pai possuia naquela época, uma drogaria, e as duas empregadas terem visto passar o crro, cheio de malta e não conseguirem vêr quem o conduzia.
Logo que o meu pai passou pela loja, ao final da tarde, foi automáticamente informado da passagem da viatura, cheia de malta nova, mas que não tinham conseguido identificar quem conduzia, e que tinham achado muito estranho o comportamento da viatura e dos seus ocupantes.
Claro que na altura pode não lhe ter passado pela cabeça que eu, com 7 anos tivesse conduzido o carro. Pode ter pensado que a minha irmã tivesse ido à escola buscar-me e de caminho junta-se na mesma viagem os meus colegas. No entanto ao chegar a casa e ao vêr o estacionamento da viatura começou por certo a pensar totalmente diferente. É que eu tinha estacionado o carro no sentido contrário ao habitual, ou seja com a traseira para a entrada da garagem, e a viatura ficava sempre estacionada com a sua parte dianteira virada para a rua, pronta a sair directamente.
Com a questão colocada a minha irmã, terminou qualquer duvida:
"Alcina! Saiste hoje com o carro da garagem?" e como a resposta foi obviamente um retundo, "Não!"
Depois de um valente responso, a chave foi criteriosamente escondida, para que não voltasse a acontecer nova aventura.
Na verdade, nunca mais voltou a acontecer, e apesar dos meus sete anos, senti que efectivamente tinha feito algo de muito grandioso, mas ao mesmo tempo algo de muito grave e perigoso.

Só voltei a pegar num carro, anos mais tarde, e fora da via publica, para participar numa corrida de "picanso", realizada ali junto da central da EDP no Lavradio. E reconheço que depois ainda conduzi umas quantas vezes de Lisboa para o Algarve, e para Setúbal, sem estar devidamente habilitado com a carta de condução.
Nunca a policia, por sorte minha, me solicitou nessa época qualquer documento, mas para cumulo, no preciso dia em que tirei a carta de condução, fui mandado parar para verificarem os meus documentos, e não me contive; no final da inspecção aos documentos, contei ao agente da autoridade todas as minhas aventuras de incartado. Ele ficou livido, a olhar para mim, mas como já nada podia fazer naquele momento, pois tinha a guia de autorização na sua frente, apenas abanou a cabeça afirmando que tinha tido azar, por um dia...
Mais uma vez a minha irmã me salvou de uma "trepa" certa, nesse dia memorável em Cinfães do Douro, em que me baptizei nas lides automobilisticas, tendo ela alegado tudo e mais alguma coisa, e lá me escapei, tendo no entanto sentido que o meu pai, no fundo do seu intimo, ficou por um lado preocupado, e por outro lado ficou bastante orgulhoso desta minha aventura, e ao longo do tempo sempre dizia: "quem sabe conduzir um carro aos 7 anos, sabe conduzir toda a vida".
Quando fui tirar a carta de condução, ao fim de 5 lições sentia-me apto para realizar o exame. As restantes 15 lições serviram para passear, e para vêr as garotas com o meu bom amigo instrutor Nunes, a quem menti na primeira aula de condução, quando me perguntou se já tinha conduzido, ao que eu respondi que não. Começamos a andar e na 2ª aula, antes de arrancar com a vitura de junto da Escola de Condução Barreirense, ele tirou o volante de segurança colocado do seu lado, disse-me: "Nunca mais me voltes a mentir pá! Tú já conduzis-te, e não foram tão poucas vezes como isso em toda a tua vida. Vai gozar outro! Agora anda lá prá frente, e vamos para onde quizeres, calma com o acelarador que dentro das localidades sabes que existem limites de velocidade e sabes que temos também a sinalização para cumprir."
Existem limites sim! Limites tanto dentro como fora das loclidades, e eu assumo que habitualmente não cumpro os limites máximos impostos à condução fora das localidades, e por outro lado se devido ao excesso de velocidade nunca tive té hoje nenhum acidente, por outro posso também afirmar que só por sorte ainda estou vivo para contar, pois o meu gosto pela condução é tal, que cheguei v´rias vezes a conduzir totalmente a dormir.
Só não tive até hoje nenhum acidente por mera casualidade, ou sorte do destino, pois bastantes vezes sai do trabalho, e fiz os 100 km da Via do Infante, no Algarve, até à minha casa em Espanha, quase todos a cabecear de sono, só despertando muitas vezes pelo ruido provocado pelos pneus na sua passgem em cima das raias de segurança limitadoras da via.

A minha infância foi passando em Cinfães do Douro, e o mesmo tempo parcelada por exporádicas passagens por outros locais, onde o meu pai tinha que prestar o seu serviço, e um desses locais foi Carrapatelo.
Ai, em Carraptelo, também fiz amigos e o Tó-Jó era o meu companheiro de brincadeiras e diabruras, tinha um outro irmão, que tomei conhecimento à poucos dias, que entretanto faleceu., e uma irmã mais nova a Gaby, que eu considerava bonita mas demsido jovem, naquela época, para nos acompanhar nas nossas aventuras, dai as suas crises de choro porque era invariavelmente impedida de nos acompanhar nalgumas saidas de exploração do mundo que nos rodeava. Umas vezes era impedida pela mãe, a D. Regina, e outras pelo próprio irmão, que com a sua presença de "macho latino" lhe dava volta não volta, retundos nãos!
Numa dessas nossas muitas surtidas, descobrimos uma casa de pedra de 1º andar abandonada e perdida no meio do pinhal. Passou a ser desde esse dia o nosso refugio de brincadeiras e aventuras, o nosso quartel general, o nosso ponto de encontro.
Para se acolher um novo membro no grupo, tinhamos que o fazer passar por um rigoroso esquema de provas de coragem, que iam de andar no parapeito das janelas do 1º andar da casa quartel, até a uma ida à albufeira da barragem do Carrapatelo, com o regresso sozinho pelo meio dos penhascos e pinhais.
Enfim o Tó-Jó era o migo aventureiro que eu procurava, para me acompanhar, e tanto alinhava as suas brincadeiras com as calmas e tranquilas construções do lego na sua casa, como podiamos partir para aventuras exteriores como a de caçar galinhas, que não passavam de meros pintos, apanhados a laço, como nós viamos fazer nos filmes do oeste americano, com os caubois e os indios a apanhar bufalos e cavalos selvagens.
Na realidade constituiu uma brincadeira cruel, que não teve muito exito, de tal forma que após a realização da primeira caçada/rodeo, não voltámos mais a repetir, passei a noite inteira com remorços, e penso que ele próprio também, por isso nem foi necessário falar-mos sobre aquele assunto morbido, e nunca mais repetimos a nossa triste acção.

Um belo dia resolvemos, limpar a área envolvente da casa, e não se arranjou uma melhor forma, nem tão rápida, do que atear fogo ao matagal adjacente. Quando constatamos que não se conseguia apagar, e que o fogo estava já bem alto, fugimos a sete pés para pedir socorro, tal a dimensão do incendio nas nossas mentes jovens. Felizmente que só acabou por arder a área envolvente, e não colocámos em perigo a mata próxima. Voltámos lá somente 2 ou 3 dias depois, e tinha ardido toda a área envolvente da casa, e a própria casa
Quem encontrámos no caminho para solicitar ajuda, no dia da tragedia, ria-se e dizia que aquilo não passava de um pardieiro velho e que só iria arder a área em volta da casa, e: "fiquem descansados rapazes!"
Assim aconteceu, mas para nós, o tamanho do incendio, o fumo que sia da casa devido ao arder do sobrado velho, fizera do grupo, em termos do nosso entendimento e imaginação; um conjunto de marginais incendiários.
Foi o fim do nosso local de brincadeiras, onde quase todo o mundo conseguia encontrar o grupo de 5 ou 6 amigos, que dali faziam o seu quartel general, para partirem para outras brincadeiras noutros locais da zona.

De salientar que aquele local foi para mim, muito importante na minha maneira de encarar o relacionamento com os elementos do sexo feminino, pois uma das visitas habituais era uma jovem, irmã de um dos nossos amigos. Uma jovem mais velha do que todos nós, no minimo uns 3 anos.
Um dia ninguém apareceu na casa, a não ser ela e eu, tendo desde logo sido combinada uma ida até próximo do rio e da Barragem do Carrapatelo. E foi ali que nos despimos, e fomos tomar banho todos nus. No regresso do banho, e depois de muita brincadeira corpo a corpo dentro de água, resolvemos tentar imitar os adultos e trocar alguns projectos de beijos cinefilos, comjugados com alguns afagos nas partes mais intimas. Eu sentia-me agradado com as sensações totalmente novas para mim, ainda mais que pela primeira vez na vida reparei que o meu instrumento reprodutor estava com um erecção enorme, e ela perante este facto decidiu pega-lo, e sem mais demora efectuou uma serie de chupadas, como se estivesse a comer um gelado. As xsensações eram optimas, e ela queria outras coisas, e o assunto só não foi mais adiante naquele dia, porque entretanto escutámos ruidos, vindos da mata, e constatámos que era o grupo de amigos que se aproximava, tendo-nos vestido à pressa para não dar uma grande bandeira para todo o grupo.
Essa jovem, Maria Isabel, ficou na minha retina, e eu na retina dela, e mais tarde conseguimos falar, e estar alguns momentos mais a sós. Recordo no entanto que esse dia na Barragem do Carrapatelo, foi o primeiro dia em que "tentaram" praticar sexo oral comigo, só que atendendo à minha idade e ao tamanho do meu penis na época, tal não surtiu efeito, uma vez que não tive ejaculação, tendo no entanto que se registar que na verdade aumentou muito considerávelmente de tamanho, e que a jovem já não era inexperiente no assunto, pois confidenciou que a minha "pila" era muito gostosa.
Nas conversas que tivemos posteriormente contou-me que via muitas vezes a sua mãe a fazer aquilo com o seu pai e com vários outros homens, nomeadamente com o padeiro, que de manhã na cozinha, quando por lá passava, quase sempre todas as manhãs acabava por entrar e leva-va o tratamento, para além de que em outras ocasiões ela o viu encostar a mãe na banca de lavagem da cozinha e a possuia de costas, como fazem os cães, e devia ser bom pois ela dava urros como os animais, mas de prazer e pedia sempre mais e mais, sem parar. Acho hoje que ela se devia estar a referir a sexo anal.
Também contou que nas noites de turno do pai, costumava por lá passar um amigo da mãe, que ficava a vêr tv na sala, e que quando achava que ela já estava a dormir a colocavam no seu quarto na cama. Mas que ela se levantava para ir espreitar e via fazerem de tudo na sala, pois no quarto estava lá o seu irmão a dormir.
Naquela altura os seus relatos eram para mim mera informação sem legenda, hoje entendo que o amigo dava um tratamento total à sua mãe.
Ainda mais estranho para mim na época, foi o facto de ela referir uma noite em que estiveram lá na sua casa, para além do amigo, mais um outro casal, e que todos se envolveram, de tal forma que ela, não queria perder nada do espectaculo e até se deixou dormir junto da porta do quarto. Anos mais tarde descobri que seguindo o seu raciocinio, se tinha realizado um "bacanal" ou seja sexo em grupo, ou talvez aquilo que hoje se aplid de troca de casais, e que até já tem clubes privativos.
Vim depois a saber, por escutar vários relatos, que já era habitual a Maria Isael, praticar sexo oral com os rapazes mais velhos. E que adorava essa actividade. Todos diziam que gostavam muito dela pois chupava a/o "esporra" esperma todo. Alguns até diziam que ela já tinha sido possuida por mais de uma vez por rapazes de 16 e 18 anos, e outros diziam ainda que já a tinhamvisto a chupar num dos funcionários da estação de serviço, junto do posto médico. Na realidade nunca apurei o que já lhe tinha acontecido sexualmente, o que posso testemunhar e garantir é que ela gostava muito de chupar, e o fazia com bastante desenvoltura e prazer, e era muito agradável para mim com aquela idade. Ainda hoje não sei se a aguadilha que ela me chupava do penis na parte final, quando eu ficav mais excitado, teriam sido as minhas primeiras ejaculações, uma coisa é certa; ela chupava tudo com gosto, e eu apenas sujava um pouquinho os meus calções.
Andámos naquele desporto, na casa/pardieiro ardida, durante cerca de 15 dias, e só terminou após a minha prtida de regresso para Castanheira do Ribatejo, onde já me encontrava a morar na época.
Nunca mais vi nem soube nada dessa famosa Maria Isabel. Deve hoje, se for ainda viva, ser uma mulher quase cinquentona, e cheia de experiencias, pois se já naquela época funcionava assim.


A morada nova do grupo de amigos após o incendio, passou a ser um conjunto de pedras. Somente muitos anos mais tarde descobri a sua importancia, pois tratava-se de uma anta, sepultura de culturas antigas.
Ninguém sabia da grande importancia arqueologica daquele local, nem nós mesmos que brincávamos debaixo das três pedras, montadas a formar uma especie de tenda, sem saber que uns palmos abaixo deveriam estar um ou mais esqueletos, e por certo oferendas e reliquias, com milhãres de anos.
Mas as brincadeiras com o meu bom amigo Tó-Jó não se ficavam por ali, também existiam os jogos de futebol, e tenho que reconhecer que só ali descobri realmente a importancia do desporto rei, o futebol, e que até hoje, passei a admirar, a sofrer, a venerar, a minha "Squadra Azurra", por influencia da minha ascendencia italiana, e do interesse da minha mãe nos resultados da equipa italiana no mundial de futebol que se estáva a disputar no México. E logo ela que eu achava que não percebia nada de futebol, nem torcia por nenhuma equipa.
E também porque naquela época a Italia tinha na verdade uma grande equipa de futebol, e naquele mundial do México de 1970, em que jogaram a meia-final contra o Brasil, que tinha também uma optima equipa, e acabaram por perder esse jogo de uma forma copiosa, porque antes do jogo da meia-final ficaram quase sem meia equipa, arrazada por uma injusta arbitragem e lesões provocadas pelo jogo violento do adversário, nas quartas de final.
Passei a admirar aquela gente que de azul vestida fazia das tripas coração, contra uma equipa imprável como era o Brasil dessa Copa. E passei a achar que os "canarinhos", selecção do Brasil, tinham muita sorte e muito poder exterior ao mundo do futebol. Comecei ai a entender a força desse desporto e do que pode movimentar-se por detras dele para fazer ou destruir campeões.
Só vinguei aquele dia, 12 anos mais tarde, num dia memorável para a "Squadra Azurra" e para Paulo Rossi, com a vitoria em Sarria - Espanha, e a posterior conquista no jogo da final do 3º titulo mundial.
Foi um dos dias mais felizes da minha vida, vêr o velho Presidente Sandro Pertini, agarrado ao Rei Juan Carlos de Espanha, a festejar os golos da nossa gloriosa "Squadra Azurra", e o elevar da taça pelo venho e imortal capitão, Dino Zoff, com os seus mais de 40 anos, e depois as imagens dos jogadores a jogar ás cartas a bordo do avião presidencial, com o Presidente, e a chegada a Italia.
Aquela apoteose inesquecivel no Aeroporto de Roma, com o trofeu que nos tinha sido negado no México, por razões verdadeiramente externas ao futebol, mas que influenciaram determinantemente a história de um Campeonato do Mundo de Futebol.
Só voltei a viver um momento igual, este ano de 2006, com a conquista do 4º titulo mundial, que ninguém do meu grupo de amigos e familiares, excepto eu, sempre acreditei, acompanhado pela minha inseparável bandeira italian de mais de 3 metros, e fazendo um imenso churrasco para os amigos no dia da final. Uma vitoria que eu tinha como certa, desde o primeiro dia, para aquela geração que já tinha conquistado tudo, menos o titulo mundial. Em especial para o treinador, Marcelo Lippi, que tantas alegrias me deu enquanto treinador da minha Juventus de Turim, e que juntou o titulo mundial a tudo o que já tinha ganho na sua gloriosa carreira de vencedor.
Assumo que chorei de alegria nesses dois momentos particularmente importantes para mim. Momentos que aprendi a viver e apreciar de uma forma especial, vibrante, por vezes insultuosa para o adversário, face à alegria incontida que não consigo guardar dentro de mim. O titulo de 2006, foi ainda mais festejado, por ter sido comemorado por mim no Brasil, no meio do nosso maior adversário de sempre. Uma alegria imensa pela conquista, e também pela eliminação da Selecção do Brasil, que se achava imbativel, e já festejava o titulo antes de se iniciar o campeonato.
E foi graças aos jogos do mundial do México de 1970, e da minha passagem por Carrapatelo naquele verão torrido, que eu aprendi a amar como um louco "azurro".

Ao longo da minha vida ficou uma nostalgica amizade com o Tó-Jó, que nem o facto de eu lhe ter conseguido partir a cabeça, atirando uma pedra que sobrevou toda a casa e lhe foi certar em cheio do outro lado, na cabeça, sem que eu o visse nem ele a mim. Uma amizade de muitos anos, sem que nos encontremos pessoalmente, ou falemos directamente durante muitos e muitos anos, mas que interlocutores externos se encarregam de colocar a informação em dia.
Passados alguns anos encontrei de novo, aquela menina rebelde, irmã do Tó-Jó, a Gaby, e ela mexeu de alguma forma comigo, e com o meu coração.
Nessa mesma época cometi 2 erros iguais na minha vida emocional; não dei licença ao coração para amar Gaby, sabendo no meu intimo que sentia alguma coisa por ela, e perdi a Dulce porque também não soube entender a forma de sentir do seu coração nem os sentimentos reais do meu.
E a vida é tão estranha, que passados todos estes anos, achava que tinha encontrado aqui no Brasil a mulher da minha vida em Raquel, ao mesmo tempo que também regressava à minha vida a Gaby.
Uma Gaby ainda solteira, passado tanto tempo, e a quem mandei um email, na esperança de que me saiba perdoar, mas com pouca esperança que me vá responder, porque a sei bastante orgulhosa, mas quem sabe o que o destino nos reserva, pois "o coração não engana", e por estranho que pareça, senti algo no meu coração ao escrever-lhe esse email, algo entre o carinho de um conhecimento de tantos e tantos anos, e uma paixão que eu não sei se na realidade algum dia realmente existiu. Por outro lado uma noite Raquel perguntou-me uma coisa que nunca ninguém me tinha perguntado anteriormente: "João és feliz?". Presentiu alguma coisa no ar, as mulheres são assim. Eu não lhe respondi, porque a teria magoado sem querer, mas a resposta, se a fosse dar teria sido: "Se sou feliz? Hoje? Não sei!"

A vida tem por vezes factos que nos conduzem a um destino de nos fazer encontrar cobras, que se nos atravessam no meio do caminho, e isso já me aconteceu na vida, e por mais de uma vez. Umas vezes são cobras humanas, que são das piores "viboras" que se podem encontrar no meio da selva que é o mundo humano.
Por exemplo a minha ex-sogra, Ivone Reis Pinheiro, ou uma das irmãs da minha actual companheira, a Maria José, ou uma antiga-recente ex-companheira a Raquel Fernandes das Chagas, são exemplos de "viboras" da pior especie.
Ou então cruzam-se no nosso caminho, cobras reais, verdadeiros frepteis animais, e este exemplo foi-me dado em Carrapatelo. Encontrei um dia a atravessar o caminho uma linda cobra de cores fora do comum, que sentindo a minha presença se levantou silvando. Eu contrariamente ao que seria de esperar para a idade não tive medo, fiquei a admirá-la na sua forma vagarosa e deslizante de continuar a seguir o seu rumo, e não lhe atirei uma pedra, não lhe dei com um pau. Fiquei extasiado com tgoda a su beleza, e dias e dias seguidos, voltei ao mesmo local, levei os meus amigos, sempre na esperança de poder rever o animal e mostrar a sua beleza para eles, mas nunca mais na minha vida voltei a vêr um exemplar daquele tipo e beleza.
A vida tem muitos destes encontros e desencontros, podemos encontrar uma vez na vida a pessoa especial, ou que achamos que é a especial, e não aceitar o desafio de a acompanhar.
Depois paramos e arrependemo-nos e podemos levar anos, ou o resto das nossas vidas sem a encontrar de novo, mas também podemos ter a sorte de a encontrar de novo passados muitos e muitos anos.
Quem sabe o que o futuro nos reserva? Ninguém! Só o destino mesmo!
Vem esta situação da cobra e dos encontros e desencontros a preposito do meu relacionamento com a Raquel, a Brasileira que comigo viveu algum tempo e que se foi descaracterizando, tal como a cobra que muda a pele, até que deixou vêr quem no fundo era essa pessoa.
A mesma situação aconteceu com as outras duas "viboras" de que falei anteriormente, só que eu a essas já separei a cabeça e o rabo do restante corpo, e portanto são já inofensivas. Esta ultima a seu tempo vai merecer esse mesmo tratamento, no entanto importa esclarecer:
Era nem mais nem menos do que uma cobra, com cores muito bonitas e atraentes no seu exterior, até parecia a cobra de Carrapatelo, mas que no seu intimo era muito venenosa, perigosa, letal mesmo.
E uma cobra não se pode deixar a mexer se nos ataca. E ela tentou à sua maneira atacar-me, e eu também à minha maneira defendi-me, e aguardo o melhor momento para a seccionar, para que não mais possa voltar a tentar sequer atacar alguém. Foi isso que eu decidi, e vou fazer.
Ao fim de algum tempo de relacionamento, essa pessoa resolveu entender que a paixão é o mesmo do que amor, quando tal não corresponde à realidade.
O amor é algo que fica para toda a vida e a paixão é um sentimento passageiro, que tal como surge assim naturalmente parte.
Aconteceu assim com este meu relacionamento, a paixão tal como chegou assim partiu, e uma nova paixão surgiu.
A Raquel resolveu a seu belo prazer que todos os meus bens imoveis lhe pertenciam por direito próprio, o que veio a constituir um verdadeiro e declarado furto.
De uma assentada deixou o meu aprtamento só com as paredes originais, e levou todos os meus bens moveis, num valor estimado, pelas notas fiscais de compra em meu nome pessoal e com o meu CPF, de mais de 8.000 reais.
A mulher com quem iniciei uma nova relação, pediu-me por tudo o que de mais sagrado na vida tenho, para que eu nada faça, porque entende que ela era uma miserável, que nunca tinha tido capacidade de adquirir por si só aqueles bens materias, e que nós os podemos adquirir, como já aconteceu, as vezes que necessário for.
É verdade aquilo que diz, mas existe na vida um valor mais alto do que o valor material dos objectos, e esse chama-se orgulho!
Acedi, porque nós no momento da paixão cedemos, mas obviamente homens como eu nunca condescendem para toda a vida, e um dia virá em que essa mulher vai ter que me devolver, à minha maneira tudo quanto materialmente me roubou. Obviamente que essa devolução será feita com juros, os juros que eu entenda nesse momento próprio cobrar e que eu entenda serem os necessários e suficientes para pagar o estrago financeiro, material e moral agora feito.
Por outro lado, até brinco com os meus amigos, dizendo-lhes que foi necessário vir ao Brasil para encontrar a "prostituta" mais cara de toda a minha vida, pois gastar mais de 8.000 reais, com uma mulher de uma vez só, é bem mais caro do que se eu tivesse frequentado o "Elefante Branco" em Lisboa, e passado uma serie de noites com tudo pago a uma das prostitutas mais caras daquela tão afamada casa da noite boemia lisboeta.
A infância passa por nós na idade própria, e também muitas vezes surge, e passa, numa idade mais avançada, como foi o meu caso.
As cobras são assim animais pessonhentos, rastejantes, astutos, fingidos, dessimulados, que podem atacar quando menos se espera, nunca na vida os podemos deixar aproximar muito, e devemos fazer como eu fiz naquela tarde quente do verão de 1970, na Barrgem de Carrapatelo, ou seja: Observar de relativa distancia, manter a guarda fechada e manter as boas recordações das cores, e nada mais, pois tudo o que se puder fazer para além disto que não seja seccionar a cobra em três pedaços para não nos voltar ameaçar, é muito, mas mesmo muito perigoso para a nossa vida.
E durante a vida devemos, mesmo quando cometemos muitos erros, aproveitar muito bem a infância, e se for possivel ter mais do que uma infância; optimo, devem ser todas aproveitadas, porque elas também passam por nós, tal como as cobras que nos surgem nas estradas da vida...

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