terça-feira, 12 de junho de 2007

I - PREMONIÇÃO UM DOM ESPECIAL

Acordo pela madrugada, com uma vontade imensa de fazer amor com a mulher que naquela noite ocupa o lugar ao meu lado na cama.
Que sensação unica de liberdade, paixão, de querer, enfim de tesão aos 44 anos.
Por vezes penso: Onde andava eu! Onde vivia eu?
Onde vivi eu todo este tempo!?
A minha cama esta agora todos os dias ocupada por uma nova femea, e nunca mais defino com qual das muitas que por aqui passam vou deixar correr o meu destino.
Porque será que fui despertar para outra vida, para outros amores, numa idade que Balzac dizia ser a melhor para as mulheres; os 40 anos.
Mas eu sou homem! E ter que chegar a esta idade para viver certas sensações de saber, de duvidas, de prazeres. Não será tempo demais para um homem conseguir atingir a plenitude?
E quantos homens e mulheres vivem bem mais anos sem conseguirem atingir este simples climax da vida.
Quantas mulheres vivem toda uma vida sem conseguir ter um momento de extase no amor, um orgasmo, um leve espasmo de prazer?
A vida é no fundo isto que vim a descobrir agora, a vida é prazer, gozo, felicidade, vontade de viver cada minuto como se fosse o ultimo, gozar cada segundo com sofreguidão e o peito bem cheio de ar e os olhos postos no universo da vida diária. A vida é ter orgasmos de felicidade quando apetece, sem ser necessário fazer amor ou sexo!
Sim! Porque amor é uma coisa e sexo é outra bem diferente!
Felicidade, é uma busca constante de inquietações, de desejos, da satisfação maxima de prazeres. Felicidade é tornar a nossa vida escrava do desejo utopico de ser feliz, aliada a uma especie de religiosidade morbida por realizar todos os nossos sonhos, tanto materiais como espirituais.
Ser feliz é algo passageiro e não rotineiro, que descobrimos só poder ser compensado por uma vida bem estruturada e com metas objectivas bem definidas, pensando sempre em as alcançar, mas ao mesmo tempo, não perdendo a noção de que o importante na vida é mesmo viver bem cada minuto como se for realmente o ultimo.

Que ano este de 2006! E ainda não terminou!
Tudo me tem acontecido: um emprego de 20 anos de funcionário publico, auto-colocado na prateleira, uma viagem transatlantica que nunca sonhei fazer, mudar de continente, destruir três casas, e construir outras três, um divorcio de um casamento de 18 anos, e 18 anos é uma vida, e o desejo latente de um novo casamento em prespectiva a curto prazo. Voltar vinte e tal anos atrás na minha vida emocional, que dias eu tenho vivido!

E paro no tempo, ou melhor tento parar o tempo da minha vida e olho de soslaio para trás, com os olhos fechados e a memoria a brotar, e o que sai:

Dentro da maquina do tempo, retrocedo 37 anos, estou em Cinfães do Douro, a minha memoria não consegue ir mais além, no retroceder do tempo, com suficiente qualidade de imagem e recordação.
Hoje entendo porque não recordo nada mais, na maquina do tempo, com qualidade de imagem!
Até parece que o filme da minha vida começa ali, naquele preciso momento, como se por uma qualquer magica, ou acção de uma tesourada, alguém tivesse retirado o resto da bobine, para eu não conseguir perceber tudo quanto ficou para trás, e que de forma tão importante iria influenciar tudo quanto se iria passar no futuro.
Nada tem que vêr com o tempo passado, tudo tem que vêr com os acontecimentos que marcaram toda a minha presença neste mundo, e sobretudo os primeiros anos da minha vida.
As recordações anteriores brotam aos bocados, sem qualquer nexo, num contexto de história descontinua.

Descobri á algum termpo, um dom especial de premonição, e devido a esse alegado dom, e a uma quantidade de noites mal dormidas, enviei um email a minha irmã Alcina.
Presenti que algo de negativo se passava com ela.
Não nos falava-mos à mais de 12 anos, por razões familiares ligadas a uma serie de trapaças financeiras praticadas por um outro meu irmão o Carlos, e que envolveram a minha vida particular, profissional e politica de uma forma gravosa, e que só consegui solucionar com o apelo ao chamado metedo Italiano, ou seja pela utilização da força.
Mais uma vez acertei na minha premonição. Mais uma vez alguem estava com problemas serios e, eu sentira essa situação de uma forma clara e inequivoca.
Esta minha capacidade, provou-me que ela estava com problemas graves de saúde, e para ajudar tem ainda tremendos problemas pessoais na sua vida familiar.
Uma familia constituida á mais de 30 anos, com 3 filhos. Aparentemente um casamento que eu achava feliz e, 12 anos depois descubro que é afinal a imagem normal da maioria dos casamentos Portugueses que ao fim de meia duzia de anos entram na rotina do dia-a-dia.
Ela vive na mesma casa, compartilha o mesmo espaço, mas dias e dias não o vê sequer, pois cada um dorme no seu quarto, é como se de duas familias se trata-se, a viverem sobre o mesmo tecto, a comerem na mesma mesa mas a horas desencontradas, a entrarem pela mesma porta.
Tudo funciona como se fossem duas casas: A casa, onde uma mulher que casou apaixonada, contra a opinião pessoal do Pai, mas que fazer, mesmo ela diz: "Era o Amor...". E a outra casa, onde essa mulher vive, no meio da solidão, na tentativa diária de solucionar os seus problemas e os dos outros, e que ainda tem tempo para se dedicar á sua pintura, á sua escrita, aos seus estudos numa Universidade da terceira idade, a ser voluntária num hospital, no fundo apesar de todos os seus problemas a dar-se um pouco aos outros.
A fugir da solidão em que esta a viver no meio da multidão!
A vida tem levado tantas voltas que com tudo isto, aliado a uma boa quantidade de asneiradas, hoje em dia o meu Cunhado, o mesmo homem que eu conheci à três decadas, sendo outra pessoa bem diferente, passou de patrão a simples empregado da sua ex-firma, passou de homem bem disposto a um homem amargurado, vivendo no seu mundo anestesiado. Esse homem que eu conheci á muitos anos, já não é o mesmo. Segundo a sumula feita de si, esse ser é hoje alguem em fase de auto-destruição acelarada, e que sem o saber esta a tentar destruir tudo á sua volta.
Os filhos estão fora de casa, ela no estrangeiro, outro já com a vida organizada, e o casula, a tentar estudar em Coimbra, porque é lá que estão todos os seus amigos, e porque em Portugal ainda hojé é fino estudar em Coimbra. Estudar em Coimbra hoje nem é tanto já pela qualidade do ensino, mas mais por tradição, algum pedantismo.
Segundo aquilo que chega em termos de imagem à distancia, a situação familiar é desestruturada, com a minha irma, a manter o barco á tona de água com muito esforço e sacrificio pessoal, mantendo de pé um casamento apenas por uma questão de teimosia e orgulho pessoal, só comparável ao orgulho e teimosia da minha mãe, Libânia, em manter o relacionamento com o meu pai, apesar de todas as deliciosas ocorrências, que teriam produzido um destino bem diverso, não fora a grande paixão e orgulho pessoal da velha LIbânia pelo velho Antunes e vicê-versa.
Mais uma vez o meu dom! O meu maldito dom!!!
Porque será que nunca tenho a premonição dos numeros certos da lotaria ou do loto? Porque será que só acerto nos problemas?
É o destino!!!

Ao longo da minha vida sempre tive a premonição de que existia algo de errado com a minha origem. A minha suspeita sempre esteve latente, e agora surgiu a oportunidade suprema de conseguir esclarecer tudo de uma só vêz.
A minha irmã, é a pessoa viva que mais sabe da familia. É ela quem ao longo do tempo mais investigou todas as ocorrências de uma saga que levou o meu pai a ter bem mais de uma dezena e meia de filhos, espalhados por várias mulheres, tipo "Gungunhana", e uma maneira de estar na vida muito própria, obrigando tudo e todos ao seu redor a darem sempre o melhor de si, sem queixumes ou lamentos. Uma forma de estar na vida algo ditatorial, em termos de organização e ambição de querer e poder. Era sempre ele, e mais ele, mas no fundo com essa sua posição ele queria que fossemos nós também a conseguir sermos nós próprios, com o nosso esforço, a nossa ambição.
O velho Antunes, foi a pessoa mais frontal que eu conheci em toda a minha vida, até hoje. Se necessário fosse ele mandava em publico, directamente, à "merda", ou para outro sitio bem pior, um Presidente da Republica, um Ministro, ou outra qualquer pessoa, fosse quem fosse, se tal acha-se necessário, e dizia sempre; "Um homem é um homem, um bicho é um bicho, nascemos um dia, e um dia vamos morrer, não devemos ter medo de fazer nada do que pensamos que tem que ser feito, pois não sabemos qual é esse dia, e quando chegar a hora embarcamos de certeza, não adianta evitar ou fugir, porque os homens são todos iguais ao nascer e ao morrer" dizia ainda: "não tenhas medo de enfrentar a autoridade se necessário for, para defender as tuas ideias, pois a cadeia fez-se foi para os homens e não para os cães".
Passou toda uma vida balançando de mulher para mulher. Pela sua cama, e não devo exagerar, devem ter passado bem mais de uma centena de mulheres, mas sempre fiel á sua maneira á minha mãe, e ela, a "D. Marocas", como ele carinhosamente lhe gostava de chamar, para grande espanto meu e de muitas pessoas, foi sempre submissa a tudo isso, e aos seus caprichos.
Só agora, passados tantos anos de observação diária, dessa submissão, estou a descobrir o porque dessa reprovável atitude.
E até na hora da morte foi companheiro! Faleceu 6 meses, apenas, após o falecimento dela.
Faleceu não!!!
Segundo a minha irmã, decidiu partir quando entendeu que era chegada a sua hora, até o dia e a hora da sua morte escolheu!
Arranjou uma pneumonia, para partir quando quiz. Incrivel!
No hospital, na vespera da sua morte despediu-se da minha irmã agradecendo tudo, mandou chamar o Director, falou com ele sobre o assunto da doação do seu corpo á Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa, entregou-lhe o documento oficial desse assunto, entregou-lhe todos os seus documentos e bens como o relogio e a carteira, para posteriormente nos serem entregues, e agradeceu a forma como foi ali tratado. O Dr. Luis, Director, á data, do Hospital de Lamego, disse-me que em toda a sua vida nunca tinha encontrado ninguem tão lucido e frontal, numa hora daquelas, como o meu pai, para ele tinha sido uma lição de vida, e que deviamos estar muito orgulhosos dele pois estava certo de que devia ter sido um grande homem.
Na realidade em altura fisica não era muito alto, mas em querer, teimosia, determinação, ninguem o batia, e desde perder parte de uma mão para arrancar e salvar um homem electrocutado de uma máquina, até ao facto de doar o seu corpo para estudo, a sua vida foi uma lição, tanto de factos mais positivos como de outros bem negativos.

A minha irmã, presentindo a razão de algumas das minhas perguntas, lá decidiu a pouco e pouco, contar a verdade que existe na história da minha vida.
São neste momento milhares de Km's de distância, entre um e outro, eu no Brasil e ela em Portugal, com a internet ou o telefone pelo meio, e o ping-pong do pergunta agora responde depois.
A problemática das distancias, a que o coração não reage, pois sempre entende o que na realidade acontece, seja onde for, pelo mundo fora

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