quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

XXIX - NA POLITICA DA VIDA

Vida!...
Ai esta o tema, a razão de levar anos e anos a lutar, por educação, saúde, emprego, dinheiro, felicidade, e liberdade, e mais umas cem mil razões.
Eu nasci no século XX, um século traumatizado por duas guerras mundiais, com marcas profundas e determinantes de “social – nacionalismo”, com características de incontida dominação mundial, apoiada na invasão de nações, destruição de povos e culturas e lançamento de uma extensa sementeira de ódios e miséria social e temporal.
O mesmo se diga do ‘comunismo’ que se seguiu ao ‘social-nacionalismo’ como doutrina política da moda, e também nada de bom trouxe aos povos por ela dominados.
Foi no fundo o século do confronto direto entre essas duas ideologias dominantes, e das quais nenhuma, acabou por sair vencedora.
Em ambas, a segurança dos ditadores reside claramente na eliminação sistemática de todos quantos tomam a liberdade de pensar de forma contraria á ideologia dominante. Não amar e recusar o pensamento oposto consiste numa das formas mais abjetas da vivencia do ser humano, e foi precisamente isto que essas sociedades colocaram na primeira linha como imagem de marca.
Vem tudo isto a propósito; da minha atualidade de vida, e do que tenho oportunidade, de em pleno século XXI, ver e sentir um pouco por toda esta América Latina, onde hoje habito.
Com o fim anunciado de uma longa ditadura de Fidel Castro em Cuba, já se estão a tentar formar outras, do mesmo estilo pró-esquerdista, como são os exemplos mais gritantes da Venezuela de Hugo Chaves, e a Bolívia de Evo Morales, entre outras.
Sim digo outras, porque outros populistas ainda ensaiam á sua maneira, o mesmo caminho, por vezes mais longo, tendo, um mesmo objetivo final em vista.
O próprio Brasil, que de democracia tem alguns pingos, mas que vive como Nação eivada de uma classe política de forma predominantemente corrupta, pode sofrer também essa tendência, se caminhar para um plebiscito para sufragar o eternizar do populista demagogo Lula no poder da Republica Federativa.
Mas nem só na política, temos que ter uma vivencia de acordo com a necessidade do propósito, do assumir a liberdade e conhecimento e as formas de convívio com os amigos, ou com outros indivíduos com formas de pensar e agir diferenciadas. A liberdade de cada um só começa no preciso instante em que acaba a dos outros e importa sempre saber respeitar todos os outros nas suas máximas diferenças.
Eu felizmente nasci fora das duas grandes guerras mundiais, em termos temporais e geográficos, mas num País que sem ter vivido internamente os dois conflitos de modo bélico, foi largamente influenciado por esses dois conflitos mundiais. Um País que passou por uma ditadura de certo modo com características profundamente de raiz fascista, sem cair na tentação da objetivação totalitária, muito embora de raízes profundamente influenciadas por um pensamento claramente nacionalista. Os maiores expoentes entre outros foram Oliveira Salazar, Cardeal Cerejeira e um dos mentores de tudo o que podia e não podia funcionar, um homem quase sempre na sombra chamado António Ferro. Desse trio de pensadores, acabaram por florescer pilares importantes, para a manutenção e o desenvolvimento da ideologia dita “salazarista” como a Mocidade Portuguesa e a Ação Nacional Popular, e o chamado orgulho da raça, para não esquecer uma das máximas do “Deus, Pátria e Família”.
Depois de 1974, com a chegada da Revolução, conheci um pouco do outro País, do outro Portugal, onde estavam a tentar impor o outro extremo da escala ditatorial, o totalitarismo apoiado no “comunismo” na sua forma mais primaria e destrutiva da sociedade. Nessa época eram exemplos, o combate a algumas liberdades, de que foi um bom exemplo a crise do Jornal Republica, e a clara libertinagem da ocupação da propriedade privada, em especial no Alentejo, bem como a absorção do sistema produtivo e industrial privado, numa clara tentativa de dominação de raiz proletária, que deu resultados desastrosos em Portugal, de todos conhecidos, e catastróficos em alguns outros Países, que se deixaram emaranhar nessas doutrinas utópicas sem fundamentação realística, nomeadamente nas antigas colônias, e em várias Republicas do Leste Europeu.
Foi no choque claro e determinante dessas duas ideologias que se foi formando o meu pensamento social e político, acabando por nascer em mim um homem que racionalmente não é assumidamente nem de esquerda nem de direita, não sendo para todos os efeitos um centrista na verdadeira raiz da palavra: “centrista”.
Leio, observo sempre que possível no local, e retiro as minhas próprias conclusões de forma livre e objetiva, momento a momento, ato a ato, e sem ser um marginal do sistema político, assumo que possa de certa forma ser visto, por alguns como; um anarquista ideológico, que retira pontos positivos tanto á direita como á esquerda do sistema político.
Sei! Isso eu sei, e assumo que o sou, e sempre fui realmente polemico!
Tanto sou polemico a nível político como pessoal, pois não gosto nem admito no meu circulo de conhecimentos e convívio, quem faz dos mistérios a sua arama. É um direito meu, com uma liberdade total, liquida e cristalina o não gostar desse tipo de gente, ou de atitudes, talvez por isso mesmo seja como sou na política e Ateu na Religião.
Gosto de coisas claras, límpidas, cristalinas. Só admito os subterfúgios poéticos de Fernando Pessoa, em tudo o resto da minha vida, e em tudo o que gira em redor dela, exijo muita limpidez e frontalidade.
Nunca militei em partidos de esquerda, respeitando tudo quanto de bom podem ideologicamente poder comportar, nomeadamente na sua vertente social em algumas questões de primordial importância para a minha formação, sem entrar no apoio a determinadas utopias, verdadeiramente voltadas para políticas inconseqüentes.
Militei efetivamente em dois partidos, da chamada zona política do centro direita portuguesa, sem ser assumidamente de direita, mas continuando sempre a defender aquilo que considero em cada momento, o mais importante e fundamental para o País, e sem qualquer hipocrisia, obviamente, o que é mais importante, para aqueles que estimo, e amo, e para mim próprio enquanto cidadão.
A minha primeira filiação partidária foi na J.S.D., Juventude Social Democrata, e simultaneamente no P.P.D./P.S.D., Partido Popular Democrático/Partido Social Democrata, teve mais que ver com um sentimento de absoluta convicção ideológica, personificada numa figura que doutrinariamente tinha um rumo, um objetivo, bebido no que de mais avançado se tinha em termos de Social Democracia na Europa, o exemplo Sueco dos anos 60, 70 e 80.
Esse rumo, essa convicção transformista para um programa ideológico adaptado ás realidades do Portugal dos anos 70 e 80, e compactado num Partido, o PPD da época, liderado pelo Dr. Francisco Sá Carneiro, um conhecido Advogado do Porto, embora nascido no alto Minho, Barcelos, perto do berço de Portugal, era para mim; o espelho da necessidade social e política do Portugal daquela época. Esta situação acabou por ver todas as propostas pessoais e políticas do então líder, serem jogadas por terra, num acidente aéreo, que de acidente nada teve, e só mesmo a grande hipocrisia dos homens pode levar a essa simplista conclusão.
Francisco Sá Carneiro, na verdade foi, e com toda a certeza, assassinado no inicio dos anos 80, por representar uma clara ameaça para, um determinado Portugal, que sentia que uma nova era estava a nascer. Esse novo Portugal existia já, na sua cabeça e nas ambições desse grande artífice político.
Por outro lado, Adelino Amaro da Costa, havia descoberto um imenso escândalo, envolvendo comercio de armamento, e outras jogadas palacianas, envolvendo elementos ligados á extrema esquerda e também á estrema direita.
O País que esses dois gênios da política nacional imaginavam, era um País; á imagem de uma França, que eu conheci pela primeira vez em 1984, e que consegui ver e sentir como uma Nação 25 anos, pelo menos, avante de Portugal em termos sociais, ideológicos e políticos, e muitos anos mais á frente em termos de liberdade e de cultura, sem deixar de ser profundamente nacionalista.
Um País que mesmo em relação á Espanha, anteriormente atrasada, já começara naquela época a dar cartas a um Portugal que parecia parado no tempo.
Uma Itália que na zona Norte da Europa ficava a anos luz, para não falar de uma Suíça ou mesmo em termos comparativos específicos de uma Bélgica, ou até mesmo a Grécia e até mesmo a Turquia.
Aqueles meses na Europa, naquela Europa que me foi dado ver, naquela mesma Europa que hoje é parceira de Portugal na família atual da Comunidade. Nações para as quais Portugal, lamentavelmente, naqueles anos 80 podia ter apenas miragens.
Não posso afirmar que a culpa de toda aquela distancia que os meus olhos viam, era de um regime de quatro décadas de portões meio fechados, e costas voltadas para o mundo real, a que Salazar e os seus companheiros de regime, tinham conduzido Portugal.
No entanto, o meu sentimento perante os fatos concretos que podia observar, era que: A esquerda, existente em Portugal, nos anos 70 e 80, não queria muito progresso. Falava muito, diria eu, “berrava” e gritava muito, sobre a importância do social, mas isso era só ruído de fundo, estava somente transformada isso sim, numa imensa maquina política de caça a privilégios e “tachos”.
Aquele Partido Socialista que Mario Soares acabava de deixar, para se tornar candidato a Presidente da Republica era um ninho de interesses, espalhados um pouco por toda a máquina governativa.
Soares e os seus bons rapazes, como que sufocaram os Ministérios de “boys”, tentando dessa forma; controlar a maquina governamental ao nível ministerial. Imaginaram eles, á boa maneira soviética, que ao controlarem os Ministérios nos níveis médios e inferiores, controlariam eleitoralmente o País, nada, porém de mais errado. O povo não se comporta como mero “cão de fila” ou “pau mandado”. O povo altera a sua forma de estar e pensar de acordo com o volume de notas que lhe entram e saem mensalmente da carteira, e o Partido Socialista, para alimentar o “monstro” imenso, que pariu com a proliferação de empregos e mais empregos espalhados pelos Ministérios, teve que criar ao mesmo tempo alimentação orçamental, através da criação de impostos. Para conseguir manter a maquina alimentada salarialmente, e minimamente operacional, ainda teve que gerar mais impostos, e isso acabou por criar-lhe anti-corpos á sua governação, por parte daqueles mesmos que tinha andado a espalhar pelos gabinetes e repartições, pois não se podia subjugar a população com a criação de novos impostos, todos os dias, para sustentar um autentico “monstro”.
São estes anos, desde a morte de Francisco Sá Carneiro. A derrota presidencial do candidato Soares Carneiro, frente a Ramalho Eanes, e a criação entretanto do chamado Partido Presidencialista, o P.R.D. – Partido Renovador Democrático, criado á imagem de Eanes, e a manutenção de Mario Soares e das suas políticas, como Primeiro Ministro, que contribuíram, conjuntamente com a “badernice” da gestão dos anos 70 pela esquerda totalitária, para o nascimento e crescente aumento de funcionários em alguns Ministérios, e a carência humana em outros, chegando ao estado comatoso da função publica e do Estado nos dias de hoje.
Este processo não se desenvolve de um dia para o outro, leva anos e anos, tal como uma doença crônica, e para tentar corrigir este processo, vão ser necessários ainda mais anos, e muitos sacrifícios pessoais.
Como a criação de pólos eleitorais nos Ministérios, parecia ser inicialmente, em termos eleitorais, uma medida muito útil e boa. Assim o poder local resolveu imitar o poder central, e encher também os diversos órgãos autárquicos de funcionários, e ainda de mais funcionários. O resultado dessa atitude, também esta hoje já á vista um pouco por todo o País, com os Municípios enterrados em dividas e compromissos bancários, e na sua maioria com cerca de 50%, ou em alguns casos mais das suas receitas destinadas exclusivamente ao pagamento de honorários de pessoal. Criaram assim compromissos bancários ao longo do tempo, para poderem investir na melhoria da qualidade de vida das suas populações, uma vez que o restante das verbas se destina ao pagamento exclusivo de funcionários.
Hoje a maioria das autarquias e ministérios, emagrece a carga de honorários, recorrendo a uma política de corte no numero de funcionários e a chamada contratação externa de alguns serviços, só que esta estratégia vai custar anos de imobilismo, porque para além dos compromissos já assumidos, o Estado tem compromissos financeiros com a banca que vai ter que honrar, em muitos casos esses compromissos são de dezenas e dezenas de anos. Ficam assim gerações empenhadas em pagar os erros que outras resolveram cometer, muitas vezes inconscientemente, mas na sua maioria pela mão de gestores que mesmo conscientes dos seus graves erros continuaram a cometer e em alguns casos a agravar situações já de si bastante graves.
Veja-se o caso concreto da Câmara do Barreiro, em que um dos grandes responsáveis do grave empenhamento financeiro ao longo de anos e anos foi Julio Freire, devido à sua falta de capacidade de gestão, á sua visível incompetência bem patente em casos concretos como os TCB’s e as águas, com custos incalculáveis para o município. Hoje essa mesma personagem esta a liderar um processo de incompetência praticamente igual na Santa Casa da Misericórdia do Barreiro, com a criação de investimentos desordenados e sem fundamentação financeira. Quando terminar o seu “reinado” quem vier atrás de si, vai ter anos e anos de compromissos para pagar, arranjados por esse verdadeiro incompetente que se arma em gestor.
É neste tipo de imagem de autentico caos, com inúmeros alegados gestores a criarem dividas injustificáveis, que regresso a Portugal, no meio da década de 80, depois de dois anos passados na Europa, com extensas viagens, e com a análise da muito maior evolução estrangeira, e das novas formas de rigorosa gestão, tendo em vista a qualidade das sociedades.
Decido então que as idéias programáticas do PPD/PSD, ainda eram ainda para mim, como que a matriz programática que poderia ajudar a solucionar algo no País. Todo o ideário legado por Francisco Sá Carneiro, e essa mesma matriz estavam para mim perfeitamente atualizados, e se aplicados ainda a Portugal, essas idéias e projetos, poderiam mudar algo e contribuir para fazer de Portugal um País bem diferente, mais social, mais equilibrado e mais próximo da Europa, a tal Europa que eu tivera oportunidade de conhecer pessoalmente.
A derrota de Diogo Freitas do Amaral, nas eleições presidenciais, contra a candidatura de Mario Soares, por uma percentagem mínima, mostrou um País profundamente dividido.
O pensamento político e social, do, á época, ainda jovem líder do PPD/PSD, Aníbal Cavaco Silva, que tinha trabalhado como Ministro das Finanças, num governo da AD – Aliança Democrática de Francisco Sá Carneiro. E que por sua vez tinha diretamente bebido muito do seu saber e ideais, para além de conhecer os projetos que tinha deixado por terminar, foram determinantes para o preenchimento da minha ficha de adesão como Militante da JSD e do PPD/PSD.
No fundo o meu primeiro ato político havia sido o ter assumido a representação, numa mesa eleitoral, da candidatura de Diogo Freitas do Amaral, pior que isso eu tinha conseguido levar a minha mãe a assumir também o apoio aquela candidatura de ruptura com o presente e o passado de Portugal. E ela própria esteve também numa mesa eleitoral, assumindo como delegada representante da candidatura da AD, nessa altura batizada de “Viva Portugal”, e assim aconteceu tanto na primeira como na segunda volta dessas eleições.
Para um jornalista, como na época eu era, foi o assumir, até mesmo a nível familiar, que as minhas, e nossas, idéias, o nosso pensamento político e social, navegavam em águas bem diferentes das da maioria local, que era por larga maioria ‘comunista’. Mas claro que isso não era já surpresa ou segredo para eles, pois os meus artigos jornalísticos eram muito claros e transparentes em termos da definição do meu pensamento político e social.
Por outro lado eu que sempre usara da palavra em Assembleias Estudantis e Clubisticas, descobri que na verdade em termos de oratória, embora não fosse nenhum tribuno de encher a praça, como costuma dizer-se, também não deixava ficar nada mal os meus créditos, fosse que opção fosse, perante uma platéia.
A diferença era nula, e apenas tinha que continuar a assumir, defender e transmitir, olhos nos olhos, da platéia as minhas idéias sem alterar nada da minha forma de ser e estar na vida, sempre frontal e irreverente, mesmo perante platéias adversas, como aquelas onde eu adorava usar da palavra, para sentir a capacidade de conseguir calar um auditório e de ao mesmo tempo, ter a capacidade de o conseguir virar, tornado uma platéia inicialmente adversa para ao longo da intervenção numa platéia domesticada e voltada para o apoio declarado a novas idéias, e isso eu amava fazer, porque intimamente me dava um enorme gozo, iniciar sendo xingado e terminar aplaudido.
Assim, comecei a comparecer a Assembléias Concelhias, tanto do Partido como da JSD, e logo após o próprio Francisco Mendes Costa me ter convidado, para militante do PPD/PSD, na noite da derrota eleitoral, da segunda volta das presidenciais, entre Freitas do Amaral e Mario Soares. E como era um momento particularmente difícil para o Partido, pois um dos compromissos por parte de Cavaco Silva, no Congresso da Figueira da Foz, onde ganhou o Partido, tinha sido a candidatura presidencial de Freitas do Amaral. O que significava naquela época, uma proposta de ruptura com o passado, uma proposta de novos rumos para o Partido e para o País, e logo ele que tinha ficado nas mãos com um Partido dividido, e agora também um País dividido, e ainda por cima não dispunha de maioria absoluta para poder governar tranquilamente. Eu face a tudo isso, convictamente, aceitei passar a militar no Partido Social Democrata.
Eleições antecipadas eram uma saída para a crise, pois encontrando-se o Partido em minoria e com um Presidente da Republica hostil, a convivência sem uma maioria, seria terrível, daí que o melhor seria clarificar a situação de uma vez por todas.
Recordo também muito bem essa noite eleitoral, na sede do PPD/PSD do Barreiro, e como o homem aparentemente sereno, que eu tinha entrevistado dias antes, estava naquela noite algo nervoso, triste, muito triste, e talvez devido á preocupação perante a situação política. Estava branco como a cal das paredes. Esse era o novo Francisco Mendes Costa, que eu ainda não conhecia nessa sua faceta. Não consigo recordar qualquer depoimento seu, efetuado nessa noite, mas acabei por fazer um apontamento pessoal, que foi publicado num dos jornais locais, assim com os resultados eleitorais do Concelho, e a analise a nível Nacional e Local, e as perspectivas de futuro próximo para o País, em que não errei praticamente uma linha, inclusivamente a necessidade de uma maioria para criar estabilidade a nível nacional, como veio realmente a acontecer poucos anos mais tarde.
O que ainda recordo foi que assinei nessa mesma noite a minha ficha de adesão ao PPD/PSD e á JSD, e o fato curioso da mesma ter vindo a merecer, alguns dias depois, algumas reservas por parte de João Monteiro, que não me conhecia de lado algum, e eu muito menos o conhecia de “porra” de lugar algum, e também de alguns elementos ligados á JSD, que eu também não conhecia de lugar algum, e eles a mim muito menos, tirando claro os artigos nos órgãos de comunicação social, e as minhas intervenções em estações de rádio, no entanto as fichas de adesão foram aprovadas por larga maioria, contrariando esses sépticos.
As assembléias concelhias aconteciam temporariamente tanto no PPD/PSD, como muito mais raramente na JSD, e eu usava da palavra quando assim o entendia, de modo totalmente livre e sobre temas que reputava de importantes, ou que dominava preferencialmente, e ao mesmo tempo discursando de forma clara e frontal, sobre como o Partido estava a ser conduzido no Concelho do Barreiro, personificado numa única pessoa, nada mais, nada menos do que por Francisco Mendes Costa, que diga-se em abono da verdade, era de certa forma, nessa época um líder só, pois ao seu lado contava com algumas, poucas, figuras apagadas, muitas delas bem mais interessadas em retirar algum proveito pessoal do que em assumir claramente diretrizes ideológicas próprias, ou porque lhes faltasse ‘Q.I.’ e alguma massa encefálica suficiente para assumirem o seu pequeno pensamento, ou porque era mais fácil abanar a cabeça e dizer sim, a tudo quanto o líder local apontava como sendo o melhor caminho. Assim figuras como João Monteiro, Fernando Cruz, Fernando Silva, Bernardino, Marlene Abrantes, Pinto Monteiro, Humberto Gorjão, Clarimundo Pereira e muitos outros, navegavam nesse navio de águas mansas, com o “Almirante” Mendes Costa, na ponte de comando, puxando os ‘cordelinhos’ como se eles fossem meras marionetes manobrados pelas suas mãos, cometendo assim o obvio erro pessoal, aliás nunca pessoalmente assumido, de dessa forma desgastar a sua figura, que se devia resguardar, para se preparar para outras batalhas bem mais importantes. Para além de outros diferenciais de gestão, era acima de tudo esta a minha grande sensibilidade em relação a Francisco Mendes Costa, pessoa que sempre considerei um bom estrategista e político astuto e hábil na manobra da política local, debaixo daquele seu simples metro e meio de altura.
Depois surgiam figuras que apoiavam o “Almirante”, mas que tinham a vantagem de ter idéias próprias, mas que; tinham algum receio em as vir a admitir, ou demonstrar claramente, tornando publicas as suas opiniões, com receio de poderem ser tomados como meros “marinheiros amotinados”. Destes, pelas muitas conversas havidas ao longo dos tempos destaco o José Carlos Lopes, Álvaro Ferreira, Gonçalo Rego, Bencatel, Fernando Pineza, e até o Barbosa ex-diretor do Centro de Emprego do Barreiro, que nos momentos sóbrios tinha algum pensamento próprio e que anos mais tarde deixou de militar no Seixal e veio para o Barreiro.
Do outro lado da barricada, estava a chamada oposição interna, que se baseava em termos de oposição efetiva, numa ausência constante da sede concelhia e presenças ostensivas somente quando se realizava alguma assembléia Concelhia do Partido, mas sempre com muito fraca expressão e liderada por um lado pelo Adolfo Vitorino e por outro pelo Oliveira Soares, como oradores, e apoiados por alguns poucos adeptos, muitos deles mais por terem sido deserdados ou expulsos do navio do “Almirante Costa” do que por convicção plena, em termos ideológicos, da necessidade de um novo rumo na estratégia da política local, como por exemplo o Engº Vilela, que outrora fora Presidente da Concelhia, e agora era apenas um mero elemento da oposição.
Dentro das estruturas do Partido em termos autônomos existiam os Autarcas – Associação Nacional dos Autarcas Social Democratas, que como os Autarcas do Concelho eram controlados pela maioria, também essa estrutura era liderada pelos mesmos, manobrados diretamente por Mendes Costa e o seu grupo de diretos colaboradores.
Os trabalhadores, TSD – Trabalhadores Social Democratas que; por falta de orgânica própria, eram também comandados pela maioria e a JSD, Juventude Social Democrata, uma estrutura de jovens com singelos 87 militantes em 1986/1987, liderados á época pelo Paulo Freitas, que embora com idéias próprias, não era, por razões profissionais, mais do que um simples e fiel seguidor das estratégias de Francisco Mendes Costa.
A Estrutura de Juventude não crescia mais em termos de militância, pois era importante manter um chamado clube fechado e restrito, e assim muito facilmente controlável, para não se perder o controle eleitoral interno, se bem que estivesse profundamente dividido em 3 grupos.
Assim Paulo Freitas, como Presidente, liderava um dos grupos, alegadamente o com maior numero de militantes, que dessa forma ia controlando a concelhia. Existia ainda um grupo de oposição, liderado por descontentes como o Carlos Vitorino, e ainda, um outro grupo de descontentes, que nem apoiavam nem um grupo nem o outro, simplesmente nem compareciam nas instalações da sede.
A maioria tinha a sua situação perfeitamente esclarecida em termos de subserviência ao Partido, uma vez que salvo raras exceções, em termos profissionais deviam algo, pelo menos o favor da colocação profissional. No entanto algo idêntico se passava no Partido nessa época, esta estratégia era particularmente utilizada por Mendes Costa, que assim movimentava as suas influencias, na tentativa de dessa forma fixar votos e apoios. Ao mesmo tempo, ia arranjando colocações e ampliando a sua rede de apoios eleitorais internos. Essa mesma estratégia foi tentada comigo pessoalmente, mas sem qualquer êxito, quando me foi oferecida uma colocação política no Ministério do Trabalho, IEFP, no Centro de Emprego do Barreiro, sem que eu me tenha deixado vender ideologicamente. Essa derrota moral contrariou e enervou muito, algumas cabeças pensadoras da época, que entendiam ser essa uma das formas de me tentar domar, e assim me dominar no sentido de apoiar a causa da chamada maioria.
Nos casos particulares da JSD existiam alguns exemplos, por antiguidade o João Azevedo, que tinha sido Presidente da JSD e foi colocado na sede nacional do Partido em Lisboa, e daí na Comissão Nacional de Eleições, e como que desapareceu do Barreiro, para não incomodar. Outro seu companheiro de Comissão Política da JSD, foi como que despachado para a Câmara de Oeiras, e outro ainda para a Câmara de Sintra.
A situação do Paulo Freitas era o maior exemplo, dessa política de colocações, pois tinha sido colocado na Câmara do Barreiro, pelo próprio Mendes Costa, quando era Vereador do Transito. Os apoios do José Carlos Lopes tinham que ver com a sua colocação na Rádio Antena 1, e os Pineza’s na TV. O Fernando Cruz que trabalhava com o pai, recebia por via deste, apoios para a falida empresa familiar de madeiras.
E no Partido tínhamos ainda a situação do Barbosa no Centro de Emprego, e do João Monteiro nos CTT. Muitas mais situações aconteceram ao longo dos anos, um pouco por todo o lado.
Atendendo á minha postura frontal e irreverente e de certa forma incomoda para o Partido, a chamada oposição da JSD, liderada na época por Carlos Vitorino, resolveu apostar em mim para tentar ganhar a JSD, liderada pelo Paulo Freitas e que iria apresentar o Luis Pineza, como candidato á sucessão.
A minha aposta, após o convite que me foi feito, era tentar ganhar a JSD, com uma nova postura, com novidade e como forma de tentar mudar algo no Barreiro a nível do próprio PSD num futuro a médio prazo.
Um dia pela manhã, fui visitado na redação do jornal “Voz do Barreiro” do qual era na época Chefe de Redação, pelo Carlos Vitorino e pelo Álvaro Ferreira, efetivando um convite para uma candidatura á liderança da JSD do Barreiro.
A entrada na política ativa, era para mim naquela época, algo muito longe das minhas cogitações pessoais, que nesses tempos estavam voltadas na sua totalidade para a comunicação social, tanto falada como escrita.
Acabei por lhes pedir algum tempo para pensar e decidir, pois para além de existirem as duas possibilidades em aberto, de ser eu ou o Álvaro a liderar a lista, sendo que o que não lidera-se ficava como Vice-Presidente, ficando assim eu, ainda com algum tempo livre para a comunicação social, e menos exposto. Eu fazia questão de não misturar política com jornalismo, em caso de liderança da lista, pois não entendia a possibilidade de liberdade de opinião num mesmo Concelho, entre jornalismo e política ativa, ainda por cima na liderança.
Assim, decidi conhecer a militância para ter uma imagem real do que poderia ser a JSD atual e futura, para além das reais possibilidades de uma candidatura vitoriosa, uma vez que eu, como em tudo na vida, não gosto de entrar para perder.
Foi facultada uma listagem e com a prestimosa ajuda do Carlos Vitorino, fiquei a conhecer um a um os militantes fixos, da suposta maioria da JSD do Barreiro, ao mesmo tempo iniciei uma visita detalhada aos restantes militantes, para saber da sua real situação e posicionamento político, perante a nossa candidatura.
Este contato, sondagem, porta a porta dava a JSD do Barreiro como que efetivamente dividida em 3 grupos quase iguais, ou seja a lista que iria ser encabeçada pelo Luis Pineza, a nossa lista e um outro grupo de militantes que jamais votariam em nenhuma das duas candidaturas, mas que em ultima instancia poderiam votar em nós, por uma questão de voto de protesto, um vez que afirmavam já não acreditar em muitas mudanças, e que tudo continuava na mesma e outros ainda que afirmavam já nada ter que ver com a JSD e o PPD/PSD.
Depois de analisar muito bem todas as possibilidades, cheguei á conclusão de que aquelas eleições eram um tremendo desafio, que se iriam disputar por um máximo de 3 votos de diferença, para um dos lados, e que essa diferença só poderia acontecer se todos comparecessem e no momento do debate 2 ou 3 votos fossem ganhos para a nossa proposta.
Mais um fator a dificultar era ainda por cima o Álvaro Ferreira, que acabou por ficar assente ser meu Vice-Presidente, e que não iria estar presente, e dessa forma nem votaria nele próprio, o que constituía logo á partida um voto negativo, uma vez que no dia das eleições estaria nos Açores em gozo de um período de ferias.
Resolvi apesar de tudo avançar e apostar.
A minha vida, até hoje, sempre foram apostas e constantes desafios, e quanto mais difíceis eles são, mais se tornam de certa forma, instigantes para mim.
O Partido pressentindo a grande ameaça da nossa candidatura, apostou todas as suas cartas na lista contraria, disponibilizando apoios vários, como viaturas e dinheiro para a campanha, liberdade em termos logísticos para poder utilizar o telefone livremente desde a sede, e outros apoios. Por outro lado o Oliveira Soares decidiu jogar nos dois tabuleiros, e tanto dava apoio a uma lista como á outra, na verdade ele sempre foi assim. Um cidadão tipo vira-casaca á portuguesa, um indefinido, que quer papar tudo, e normalmente no fim acaba por não papar nada.
Eles tinham assim toda a máquina na sua mão, e larga vantagem neste aspecto. Acontece quase sempre que quem está no poder utiliza o poder para se tentar manter, controlando a maquina política. Neste caso nem o fato de alguns membros da Comissão Política Concelhia do Partido, nos serem afetos, nos trazia alguma vantagem, ou diminuía de alguma forma os apoios que estavam concentrados no lado contrario.
Por outro lado ainda podíamos contar com algumas jogadas contrarias, protagonizadas pelo Oliveira Soares, alias o atual dirigente dos Bombeiros do Barreiro sempre foi assim, um exímio manipulador, um dualista, que gosta de se rodear de “nulidades” como é atualmente a sua parceria com Manuel da Luz. Claro que esse tipo de atuação tem valido algum ostracismo interno em termos de cargos. Sempre foi uma personagem que ambicionava dar um salto bem maior do que a sua perna, sendo o seu maior sonho a Vereação da Câmara do Barreiro, ou mesmo algo maior, no entanto nunca conseguiu dar esse pulo a seu gosto. Embora graças ao Dr. Joaquim Eduardo Gomes, então Presidente da Distrital de Setúbal do PPD/PSD, lhe tenham facultado alguns “tachos” de pequeno porte, para o irem entretendo, e irritando direta e indiretamente, de certa forma o Mendes Costa.
No caso concreto da JSD do meu tempo, nada lhe devemos, não fez mais do que a sua obrigação, e nós só tínhamos o nosso crer, vontade, e mais do que tudo um projeto concreto para o futuro dos jovens do Barreiro.
Assim, juntamos os poucos apoios de cada um dos candidatos, e fomos á luta. Foi a primeira campanha da JSD do Barreiro, feita em moldes por assim dizer inovadores, com um orçamento, escasso diga-se, mas um orçamento de campanha para ser cumprido, e recordo que na época foi de cerca de 40.000$00, um programa de candidatura baseado numa moção de estratégia por mim escrita, e apoiada por todos os membros candidatos da equipa. Preparado e enviado para todos os Militantes, sem exceção, por via postal, e onde foi possível também efetuar algumas entregas porta a porta, na mão dos próprios Militantes, num ultimo pelo ao voto.
Durante a campanha, e como a oposição não dispunha de um espaço próprio para se poder reunir, acabamos por adotar o café Skipy, próximo da sede do FC Barreirense e tipografia do pai do Helder Madeira, como sede de campanha e candidatura, e ali passávamos algum do nosso tempo. Foi ali que concluímos as maquetas finais do programa eleitoral e candidatura, e foi também dali que; fizemos o ponto de encontro, no dia das eleições, para concentrar os militantes nossos afetos, antes de seguirmos em grupo unido até á sede no dia e hora das eleições.
Por outro lado também conseguimos alguns apoios desinteressados de militantes, que disponibilizaram viaturas, para se poderem ir buscar militantes que habitavam, em locais, mais distantes da sede. Nomeadamente na zona rural, e que não tinham muita disponibilidade de transporte para poderem deslocar-se, participando na Assembléia. Tudo acabou por correr quase na perfeição, e posso assegurar que foi a eleição, que até hoje, me deu mais prazer em participar e disputar, pessoalmente, como líder de uma das listas, de todas as muitas eleições em que liderei listas a determinado órgão ou lugar. Tão saborosa como esta eleição e vitória, só recordo mesmo, a que disputei no Hospital de São José em Lisboa, como candidato a representante administrativo no Conselho Geral. E que obviamente com muito maior numero de eleitores, vim a conseguir ganhar por maioria absoluta, logo na primeira volta, o que nunca tinha acontecido até então na historia do Conselho Geral, do HSJ para aquela área.
Aquela tarde na sede da JSD do Barreiro foi de intenso e verdadeiro debate político, sobre os programas eleitorais, o passado o presente e o futuro da JSD. Em especial Álvaro Ferreira, que tinha pertencido á Comissão Política que cessava funções, foi largamente atacado, mesmo não estando presente, comigo sempre a não deixar cair em saco roto os ataques, muitos deles até pessoais.
Uma tarde com intervenções acaloradas e esclarecedoras para todos os militantes presentes, e que tornou aquela eleição a mais participada de sempre na JSD do Barreiro até aquela data, pois dos 87 Militantes inscritos, acabaram por votar 61.
Por outro lado, das informações que até hoje me chegam, aquela foi a Assembléia Eleitoral com o debate mais longo e produtivo para o futuro da organização no Barreiro, realizada até ao dia de hoje. Naquele dia analisou-se a fundo o que os Militantes queriam realmente para a JSD do Barreiro, no futuro, e depois desse dia, realmente nada voltou a ser igual.
Quando se deu inicio á votação, já a noite caia, eu; intimamente era já um vencedor!
Eu me senti um vencedor, por considerar que tinha ganho largamente o debate, contra verdadeiros pesos pesados da JSD do Barreiro, daquela época, como o José Carlos Lopes, Fernando Cruz Filho, Luis Pineza, Paulo Freitas, entre muitos outros quadros com projetos e preparação no seio da organização local, como o Carlos Ramos e tantos e tantos outros que naquela tarde usaram da palavra.
Pelo nosso lado, salvo raras exceções e algumas intervenções do Carlos Vitorino, eu naquela tarde estive totalmente só contra o “Mundo”.
Quando o Secretario-Geral da Distrital de Setúbal da JSD, Manuel Mourinho anunciou; o resultado da contagem dos votos, fez-se um silencio enorme na sala, eu escutei serenamente o resultado no fundo da sala, como sempre gosto de fazer, entre os Militantes, que são na verdade quem decide, e quando o Mourinho anunciou a Lista – A liderada pelo Luis Pineza com 30 votos, eu já sabia que tinha ganho.
Em seguida anunciou a Lista – B com 31 votos, liderada por mim. Foi como um imenso alivio. Eu não tinha errado, éramos vencedores por 1 (um) simples voto, os votos foram recontados mais umas duas vezes, dentro da sala fechada da JSD, perante representantes das duas listas, e diversos membros da Distrital de Setúbal presentes. De entre os vários membros incluía-se o próprio Presidente da JSD Distrital, Nuno Silvestre, que assim como os restantes membros, só nesse dia conheci pessoalmente. Mas não havia duvidas, éramos mesmo os vencedores!
A abertura da porta, e o sorriso estampado no rosto do Carlos Vitorino, mandatário da minha lista, confirmavam tudo, e sobretudo, o espantoso resultado final, ainda por cima por um voto.
Tínhamos, ganho a JSD do Barreiro, e terminado com uma época e um estilo muito próprio de fazer política!
Quando usei em seguida da palavra, já como novo Presidente eleito da Juventude Social Democrata do Barreiro, a sala continuava cheia de militantes que me apoiaram, e até de alguns adversários que com toda a dignidade de derrotados, souberam dar-me os parabéns pela vitória. Todos aplaudiram, tantos os da oposição como os meus potenciais votantes, a minha chamada á mesa dos trabalhos, como novo Presidente e para assim usar da palavra, nessa qualidade.
Recordo que anunciei que o programa, ao contrario de outros exemplos anteriores, de que tinha tido conhecimento, era para cumprir e acabou mesmo por ser ultrapassado em alguns pontos. A JSD do Barreiro jamais voltaria a ser a estrutura de jovens com Militantes de 1ª e Militantes e 2ª, seriam todos Militantes iguais, todos Militantes da JSD, o que também se conseguiu concretizar enquanto fui Presidente Concelhio. Por outro lado o Partido teria que nos respeitar com estrutura autônoma, e jamais se voltaria a permitir ingerências internas, o que também veio a acontecer nos meus mandatos e muitas vezes com que custos, mesmo pessoais para mim, e de que formas mais estranhas quantas vezes!
A JSD do Barreiro realmente nunca mais voltou a ser a mesma desde esse dia, e o que antes era uma estrutura organizada para fazer umas gracinhas e; colocar uns cartazes e pendurar umas bandeirolas, para além de fazer algum trabalho “sujo” ao Partido, tornou-se sem duvida na maior organização política de juventude do Concelho do Barreiro, superando mesmo a JCP – Juventude Comunista Portuguesa, em resultados efetivos. Divulgada inclusivamente essa nossa grandeza em jornais nacionais e de modo insuspeito, por jornalistas e comentadores que até eram da área comunista, e comentaram ser com muita preocupação que observavam nessa época este fato político.
A JSD do Barreiro passou dos 87 Militantes do dia da minha eleição, para algumas centenas, e em termos financeiros passou dos 5.755$00 que nos foram transmitidos pelo Paulo Freitas, para algumas centenas de contos, transmitidas ao meu sucessor.
Passamos a conseguir participar em todas as campanhas escolares do ensino secundário, e inclusivamente num dos anos da minha presidência conseguimos conquistar todas as associações de estudantes do Concelho do Barreiro, e conquistar ainda a Associação de Estudantes do Vale da Amoreira, no Concelho da Moita, que nessa época ainda não tinha JSD organizada, um fato inédito, de que nem a JCP algum dia se pode orgulhar.
Dessa maravilhosa equipa não posso passar sem nomear o Álvaro Ferreira como Vice-Presidente, Antonio Melro como Secretário, Fernanda Rodrigues como Tesoureira e os Vogais, Paulo Afonso, João Ilídio, David Figueiredo, Maria do Céu, e como Vogais Suplentes o Sidonio Sousa e o Joaquim Núncio.
O PPD/PSD passou a ter que nos respeitar de igual para igual, e após as eleições do Partido local, realizadas meses depois, tiveram que assinar um termo de acordo de parceria e responsabilização com direitos e deveres em termos de receitas e despesas e posicionamentos políticos. Ficaram também acordados apoios para as eleições das Associações de Estudantes e outros apoios para a organização, bem como a disponibilização imediata das quotas dos militantes da JSD que eram simultaneamente militantes do Partido, e que passaram a ser da responsabilidade da JSD. Nessa altura a JSD deixou de ser vista como o simples grupo de bons rapazes, que serviam simplesmente para colar cartazes e subir aos postes para colocar bandeirolas.
A nível Distrital também a JSD passou a ser respeitada e a ter uma representação condigna, e as primeiras vezes em que o Barreiro passou a ter mais do que um simples elemento na Comissão Política Distrital de Setúbal, como até então acontecia no melhor dos casos.
A nível local a JSD passou a ter voz ativa na comunicação social,e mesmo a nível regional e nacional passamos a ter algumas noticias, periodicamente, devidamente divulgadas, nomeadamente por termos criado um gabinete de imprensa de que nem o Partido se podia orgulhar de possuir e ter divulgado e acabado com certos tipos de compadrio em cursos de formação profissional e outras situações menos claras, onde inclusivamente e de forma bastante infeliz, se movimentavam alguns elementos do Partido.
A minha imagem pessoal que já era de difícil digestão para o Partido no Barreiro, ficou mesmo intragável, e a luta política interna teve o seu inicio, culminando 6 anos mais tarde com a vitória nas eleições para a Comissão Política Concelhia do Partido, e o fim da era do grupo liderado pelo Francisco Mendes Costa, copiosamente derrotados nessas eleições.
A política na nossa vida representa tudo, mesmo que não estejamos empenhados de forma efetiva no desenvolvimento dessa mesma política.
Eu nessa época da minha vida optei por fazer parte da política ativa, e não me deixar comandar pelos políticos, mas fazer também parte das escolhas e decisões desses mesmos políticos.
Se me perguntarem, passados todos estes anos, se considero pessoalmente se fiz bem, ou mal, nessa minha opção de vida, terei que responder que nem poderei dizer que sim, nem que não.
Muito do que fiz na política ativa, ao longo de quase duas décadas, é muito por um lado e pouco por outro, do muito que poderia ter realizado e ajudado a realizar, com outras condições materiais.
No entanto algo eu não posso deixar de vos dizer; tal como na vida, é que fiz política com muito prazer, e tal como na minha vida, só fiz aquilo que me apeteceu fazer, e nunca me deixei comandar por nada nem por ninguém, para fazer algo contra a minha personalidade. Foi para mim um orgulho enorme ter liderado a JSD do Barreiro durante aqueles anos, e puder contar com equipas de colaboradores, tão boas, e com Militantes tão fieis e empenhados numa causa comum.
Fazer política com prazer; podem acreditar que é para mim uma sensação tão boa como poder desfrutar de múltiplos orgasmos, com a mulher que amamos em cada instante...
Eu realmente amei e soube amar a política no momento próprio, sim porque como tudo na vida, existe sempre uma hora e um tem próprios para tudo!

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